A Câmara Municipal de Três Lagoas aprovou requerimento que pede a presença do responsável pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Legislativo, para prestar esclarecimentos oficiais sobre os resultados do censo 2007 em Três Lagoas. As autoridades municipais questionam o resultado, que aponta uma população de 85.113 habitantes, enquanto na última contagem, há dez anos, foi apurada uma população superior a 87 mil pessoas.

 O requerimento foi proposto pelo vereador Gil (PPS) e amplamente debatido na sessão da última terça-feira (4). "É difícil acreditar que neste momento em que a cidade está crescendo, com tantos problemas urbanos nos hospitais, no trânsito e com a violência, a cidade não tenha pelo menos 100 mil habitantes. Será que a metodologia do IBGE não induz a mostrar um número irreal", questionou Gil.

Os vereadores que abordaram o assunto reafirmaram que não estão questionando a lisura da equipe do IBGE, mas acreditam que é necessário entender a metodologia utilizada, porque a diminuição da população terá impacto negativo quanto ao recebimento de repasses de verbas federais e estaduais, como recursos para a saúde, para a educação e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), repasse oriundo da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Foi decidido que, além de explicações do IBGE, a Câmara vai convidar representantes da Elektro, da Sanesul e especialistas em pesquisa populacional para contrapor os dados do censo. Durante a sessão, o vereador Antônio Rialino (PMBD) já apresentou alguns dados que contrastam com os números do IBGE.

 Segundo ele, a Elektro, empresa de distribuição de energia elétrica do município, calcula que existem 104 mil habitantes, com base na existência de 32 mil residências com ligações de energia, sendo 27.292 na cidade e 1.949 na área rural, sendo que a média é de 3,56 habitantes por casa. "Não entendemos como os números são tão diferentes. Só veículos, estão registrados 35.800 no município e a Sanesul tem 30.223 ligações de água. Teremos que fazer uma campanha para reverter este quadro porque não podemos ficar prejudicados com os repasses", disse Rialino.

Cláudio César (PMDB) também afirmou que a classe política deve estar unida para lutar pelos interesses de Três Lagoas. "O nobre representante do IBGE foi muito infeliz em afirmar que os vereadores estão questionando a contagem porque estão preocupados em aumentar o número de vereadores do município. A cidade perdeu representatividade passando de 15 para 10 vereadores, mas o pior será a perda de recursos importantes para o bom andamento dos serviços públicos. É com isso que estamos preocupados", discursou o vereador.

 Jorginho do Gás (PSDB) lembrou que o número de eleitores de Três Lagoas, que chega a quase 60 mil, também revela que a população deve ter ultrapassado os 90 mil habitantes.

O vereador Gilmar Garcia Tosta (PT) convocou a população a aderir ao manifesto contra os dados do IBGE. "Aquelas pessoas que não receberam a visita dos agentes do censo devem ligar para o IBGE", instruiu, garantindo que isso deve elevar o número de habitantes para mais de 90 mil, o que também garantiria melhorias no repasse.

 Já o vereador Valdomiro Aguirre (sem partido) reforçou o pedido à prefeita Simone Tebet para contestar judicialmente a contagem, até o dia 15 de outubro.

 Além das medidas tomadas através dos requerimentos, a Câmara Municipal está unida no questionamento dos dados e no apoio à prefeita Simone Tebet nas medidas judiciais cabíveis e na campanha para que haja uma nova contagem no município, de forma a apurar a realidade.