Na noite desta quarta-feira (09), a Câmara de Vereadores realizou uma audiência pública para debater a criação do Programa Audiovisual e Film Commission (Comissão de Cinema) em Três Lagoas. O evento foi proposto pelo vereador Tonhão e contou com a presença do vereador Fernando Jurado.
O ato recebeu o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SEDECT), Marcos Antônio Gomes Júnior; o diretor de Cultura, Stênio Congro Neto; o vice-presidente do Conselho Estadual de Políticas Culturais do Estado de Mato Grosso do Sul (CEPC/MS), Israel Aparecido da Silva Júnior Zayed; o presidente da Casa da Cultura de Três Lagoas, Nilva Barroso; o presidente da Associação Integra Costa Leste, Joaquim Romero Barbosa; o assessor do Deputado Estadual Lucas de Lima, Bruno Patrezzi; o educador Márcio Viegas; o comerciante Chiquinho Medeiros; o estudante: Vito Alexandre; o empresário Magid Thomé; e o profissional do audiovisual (produtor de elenco), Diego de Lima.
Para falar sobre o tema e explicar sobre o funcionamento do Programa e da Comissão, a audiência pública recebeu o produtor executivo Lúcio Aguiar, que desempenhou papel-chave na Agência Nacional do Cinema (ANCINE) e o diretor Aaron Salles, que recentemente dirigiu um curta-metragem na cidade (Nunca Te Prometi Um Mar De Rosas).
O Programa Audiovisual prevê a seleção de produções de realizadores locais, abrangendo curtas, médias e longas-metragens. O objetivo é fomentar a produção regional. Já a Film Commission atuará como um órgão estratégico para atrair produções nacionais e internacionais, incentivando essas filmagens em Três Lagoas e região. A dupla iniciativa promete movimentar a economia três-lagoense e da Costa Leste, gerando emprego e renda em todos os setores e especializando a mão de obra do setor audiovisual.
Após as apresentações, o espaço foi aberto para debate. Quando questionado sobre para onde irão os investimentos do Programa e Comissão, Aaron Salles defendeu que para a região da Costa Leste, dando mais autonomia para a região na produção cultural. Lúcio Aguiar complementou que podem existir parcerias com outras Film Commissions.
Quando perguntado sobre a estrutura, Aaron detalhou quais seriam os cargos. “Esse organograma foi inspirado no da ANCINE, Rio de Janeiro e Maricá/RJ”, destacou Lúcio. Além das perguntas, os membros da mesa de honras usaram o tempo para parabenizar a iniciativa, declarar apoio, desejar sucesso e relatar as dificuldades da área.
O vereador Tonhão, propositor da audiência pública, defendeu uma parceria com os setoriais da cultura, Município, Estado e União. Finalizando os trabalhos, o presidente da Câmara apresentou o documento gerado pelo ato e fez uma votação, a qual aprovou o documento por unanimidade.
Programa Audiovisual e Film Commission
Aaron Salles explicou e apresentou o Programa Audiovisual. Primeiramente, defendeu o setor do Audiovisual, que “não representa e envolve só a cultura, mas todas as áreas: como turismo, gastronomia, comércio, transporte, contabilidade, comunicação (jornalismo), tecnologia da informação (TI), educação, saúde etc”. Aaron complementou dizendo que “são empregos de alta capacitação que serão atraídos para a região”. O diretor resumiu: “é uma indústria muito coletiva, não se faz arte sozinho”.
Sobre o Programa Audiovisual, o diretor anunciou o orçamento anual proposto: R$10,5mi, “valor elaborado após estudos considerando os orçamentos padrões da ANCINE”, justificou Aaron. Com esse investimento, será possível manter editais com premiações de até nove filmes por ano e um Festival Internacional de Cinema de Três Lagoas, inserindo a Costa Leste na rota internacional do audiovisual.
Lúcio Aguiar apresentou o que é uma Film Commission: uma entidade que atrai e apoia a produção audiovisual em uma determinada região. Ela atua em diversas etapas da produção, desde o mapeamento de locais até a tramitação de permissões. Os principais objetivos são: incentivar a produção audiovisual, promover o turismo, desenvolver a economia, facilitar a realização de produções cinematográficas.
Os palestrantes
Lúcio Aguiar é diretor, pesquisador, roteirista, quadrinista, produtor executivo e controller. Bacharel em Economia (UFRJ) e Mestre em Comunicação Social (UFF). Possui 50 anos de atividades no setor, tendo realizado 15 curtas incluindo “Lgytymah Depheza” (1982 - Prêmio Direção 35mm - I Festival de Niterói) e 1 longa-metragem, “Viagem ao Redor da Minha Mesa” (1999). Fundou, dirigiu e foi liquidante da Cooperativa CORCINA-RJ (1978 a 84), que produziu 33 curtas, médias e o longa-metragem “Coração Mágico de Macunaíma”, de Paulo Veríssimo, obtendo mais de 60 prêmios nacionais e internacionais, incluindo o prêmio de curta-metragem no Festival de Cannes por “Vocês”, de Arthur Omar. Participou da regulamentação da profissão de Artista e Técnico como representante da Associação Brasileira de Documentaristas (1977-78). Foi secretário da Campanha O Curta é Nosso (1978-79), que reuniu 33 entidades culturais na defesa da exibição do curta-metragem nos cinemas e junto com Leon Hirszman e José Louzeiro criou a Comissão Pela Liberdade de Expressão (1979). Como gestor público foi Coordenador de Aprovação de Projetos na Agência Nacional do Cinema (2003-2007), membro da Comissão responsável pela implantação da Classificação de Nível das Empresas Produtoras (IN ANCINE 54), secretário executivo da Comissão de Projetos Culturais Incentivados (CPCI) da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro (2007-08), Coordenador Pedagógico do Programa Cinemais Cultura (MinC 2010) e Superintendente da Cinemateca Brasileira (maio-junho 2019). Desde 2010 trabalha como consultor audiovisual, controller e produtor executivo em projetos de longa-metragem e séries para TV para as produtoras: 3 Tabela, A&B, Cassandra, Dannemann, El Desierto, Flora Filmes, Focus Films, Forte Filmes, Georgois Filmes, GNCTV, JLM, Kino TV, Lavra, ML Toledo de Martino, Modo Operante, Nova Triniti, Palmares, Pé na Estrada, Pontos de Fuga, Teatro Ilustre, Telenews, TV Zero, Usyna de Kino, VemVer Brasil, Ypearts, dentre outras.
Aaron Salles é formado em Cinema, vídeo e novas mídias pela School of the Institute of Chicago. Tem MBA em Marketing pela Loyola University Chicago. Dirigiu institucionais e marketing nos EUA desde 2008. No Brasil, foi assistente dos mais renomados diretores nacionais. Dirigiu publicidade desde 2011 (L’Oreal, Coca-Cola, Vale) e ficção a partir de 2013. É escritor e cineasta sul-mato-grossense. Implementou e dirigiu o programa de maior audiência da história da TV paga no Brasil: “Vai que Cola”. Em 2017, lançou seu primeiro longa: “Quando o Galo Cantar Pela Terceira Vez Renegarás Tua Mãe”. Em 2022, lançou o romance “Inferno & Danação” e abriu o braço editorial da Georgois Filmes e Livros. Aaron é natural de Três Lagoas/MS, onde está sediada sua produtora e agora está à frente do curta-metragem “Nunca Te Prometi Um Mar de Rosas”, contemplado pelo edital da Lei Paulo Gustavo de Mato Grosso do Sul, e do longa “Depressão Tropical”, vencedor do edital da LPG MS e Minas Gerais.