A presidente da Associação Três-lagoense de Gays Lésbicas e Travestis (ATGLT), Roseane Paola Lotrek, fez uso da tribuna livre na última sessão na Câmara Municipal.
Em seu discurso de dez minutos, Paola pediu apoio ao poder público para o trabalho de prevenção de doenças promovido pela associação.
Ela também discursou sobre o preconceito enfrentado pelos homossexuais baseada no artigo 5º da Constituição Federal e reivindicou alteração em um artigo da Lei Orgânica do Município, no sentido de incluir a orientação sexual como um dos itens que não podem sofrer discriminação dentro de Três Lagoas.
“Espero conscientizar a população para o respeito à orientação sexual de cada um e fazer valer nossos direitos como contribuintes e cidadãos”, enfatizou a travesti.
“Antes, nós travestis éramos apedrejados nas ruas, sem direito a segurança, pois enfrentávamos negligência por parte da polícia, além de não poder freqüentar vários locais públicos. Mas com a associação, temos lutado para a melhoria dessas condições. Só que ainda temos muito pela frente, muitas de nós não consegue vagas nas escolas públicas por puro preconceito, sem falar no mercado de trabalho, que tem as portas fechadas para os travestis, o que leva a maioria para a prostituição”, defendeu Paola.
Paola elogiou o apoio que recebe da Casa de Leis, que esta sempre aberta a suas reivindicações, citando até o nome de alguns vereadores.
Os vereadores apoiaram a iniciativa de organização e de reivindicação da associação, mas pediram que, assim como em outros setores da sociedade organizada, a ATGLT cobre de seus associados uma postura ética e organizada em suas manifestações.
A associação tem mais de um ano, conta com 111 associados, entre eles 71 gays, 22 lésbicas e 19 travestis, e realiza trabalhos de prevenção a DSTs, efetua a distribuição de preservativos, além de promover entretenimento entre os associados.
O vereador Valdomiro Aguirre complementou a questão do preconceito, ressaltando os aspectos positivos das organizações nas lutas por alguma causa. Também durante a sessão, o legislador Gilmar Garcia Tosta, que estava presidindo a sessão, afirmou que a Câmara está disposta a criar mecanismos que vão contra a qualquer tipo de discriminação, e que o pior preconceito no país indifere de raça, cor ou conduta sexual, mas é contra a condição social. “Negros e homossexuais ricos não são tão discriminados, já os pobres em todos o seus setores sofrem restrições”, destacou o vereador.
O uso da tribuna livre é um direito assegurado a todo cidadão que fizer pronunciamentos de interesse público e que apresente a requisição com antecedência junto ao gabinete da presidência.