Destinada a ouvir as reivindicações dos moradores do Cinturão Verde, a sessão ordinária de 14 de abril encerrou as atividades da Câmara Cidadã no bairro e contou com a presença recorde de cerca de 200 pessoas, dos secretários municipais, da vice-prefeita Márcia Moura e da prefeita Simone Tebet. O poeta Célio de Barros declamou uma poesia, na abertura dos trabalhos legislativos.
A presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais e Hortifrutigrangeiros, Rosana Bezerra da Silva, apresentou uma lista com 12 pedidos, sendo que alguns, como alargamento de ruas, já estão sendo realizados pela administração municipal, após pedido preliminar encaminhado pelos vereadores.
Rosana fez um discurso de agradecimento, de orgulho pela maciça participação da comunidade e conclamando seus vizinhos a se unirem ainda mais. “Creio que esta Câmara vai fazer nascer um novo Cinturão Verde. Com pessoas, como as que estão aqui, podemos fazer diferença, porque não somos preguiçosos. Precisamos apenas de incentivo para trabalhar”, afirmou emocionada.
Lembrando que o loteamento de pequenas propriedades rurais foi criado há 27 anos, Rosana apresentou os principais e mais emergenciais pedidos: alargamento das ruas, coleta de lixo, instalação de braços de iluminação pública, identificação das ruas, instalação de orelhão, limpeza de drenos, aceleração da regularização dos lotes, patrulhas policiais, encanamentos para puxar água de um poço artesiano para as propriedades, posto de saúde e sede para a associação dos pequenos produtores.
As reivindicações vão compor uma indicação coletiva, assinada pelos dez vereadores. Todos os parlamentares – exceto o professor Nuna Viana, ausente por motivos de saúde – frisaram o compromisso do Legislativo em acompanhar a realização dos serviços e auxiliar nas conquistas dos produtores, principalmente na situação da segurança pública e em melhorais na infra-estrutura do bairro.
Celso Yamaguti e Idevaldo Claudino também apresentaram outras indicações. Para o primeiro, é necessário buscar recursos junto à bancada de deputados para financiar compra de insumos e sementes, apoiar o escoamento da produção, acelerar a regularização, de forma a garantir financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e a construção da sede da associação, local que poderia ser utilizado para cursos de geração de renda e capacitação agroindustrial.
Já Idevaldo Claudino informou que está pleiteando, por meio do senador Delcídio Amaral, que o Ministério do Desenvolvimento Agrário libere 10 tratores Tobata para uso dos produtores.
Em seu pronunciamento, a prefeita Simone Tebet explanou as possibilidades de realização dos serviços pedidos e garantiu o empenho da prefeitura em auxiliar a comunidade, inclusive com a criação de uma comissão para avaliar a situação legal de cada um dos ocupantes dos lotes, de forma a apresentar um inventário ao Ministério Público. “A maior urgência de todas é a regularização dos lotes”, avaliou.
Ela ainda afirmou que o alargamento e cascalhamento de ruas está em andamento, que a limpeza dos drenos foi autorizada, que a coleta de lixo será implantada assim que as ruas estiverem em condição de trafego de caminhões e que a prefeitura encaminhará pedido para que a Cargill ceda adubo aos produtores. Quanto ao abastecimento de água, a prefeita propôs uma discussão dos prós e contras. Sobre telefones públicos, informou que a concessionária não tem acenado para realizar o serviço, devido ao baixo número de moradores na localidade.

Público recorde
Durante a sessão, os vereadores parabenizaram a comunidade pelo interesse em participar da sessão da Câmara. Tonhão avaliou  que o bairro, o menos populoso a receber a ação itinerante do Legislativo, foi justamente o que mais privilegiou a presença dos vereadores. Tonhão lembrou que é necessário instalar cobertura nos pontos de ônibus no local e incentivar a venda dos produtos na feira.
O vereador aproveitou para ressaltar a preocupação da Câmara com a segurança pública, ao devolver mais de R$ 51 mil em recursos do duodécimo para a compra de duas viaturas para a Polícia Militar.
Neste sentido, o presidente da Câmara, Fernando Milan, afirmou que os vereadores vão reivindicar que a polícia utilize os novos veículos para também priorizar as patrulhas no Cinturão.
Para Milan, a ação da Câmara no bairro só se justifica se for efetiva em resultados e contar com a parceria direta do Executivo. No caso do Cinturão, ele destacou que foi uma ação idealizada pela prefeita Simone, à qual não falta boa vontade para enfrentar as dificuldades que existem.

Atividades diurnas
Serviços e atividades de lazer foram levados aos moradores do Cinturão Verde, na tarde da terça-feira (14). Toda a estrutura necessária para oferecer orientação jurídica, cadastro em programas sociais, cortes de cabelo, vacinação e distribuição de mudas frutíferas foi montada na entrada do bairro, sob uma grande tenda. Além de moradores da região e bairros vizinhos, os vereadores Celso Yamaguti, Marisa Rocha e Jorge Aparecido Queiroz, passaram pelo local e acompanharam os serviços oferecidos à população.
Para o casal Geni Antônio da Silva e Onésia Cardoso de Moura, que moram há sete anos no bairro e cuja a casa serviu de ponto de apoio para os servidores da Câmara e de parceiros como o Sesc,  secretarias municipais de Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente, o projeto do Legislativo Municipal é sinônimo de boas novas. “O projeto é muito bom. A gente acredita que depois disso tudo, nosso bairro vai melhorar”, afirma o senhor Geni.
Aproveitando a estrutura do “Câmara Cidadã”, Rosana Bezerra da Silva, presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais e Hortifrutigrangeiros, entidade que representa os moradores dos 220 lotes do Cinturão Verde, montou uma grande mesa com frutas, verduras e legumes, plantados e colhidos pelos moradores para expor aos visitantes. “Para a gente isso aqui é a decisão de tudo. Acreditamos que agora as coisas vão se desenrolar e melhorar para os moradores do Cinturão”, frisou. No final da sessão, os produtos foram distribuídos entre os presentes.
 A principal expectativa dos moradores é que haja mais segurança, melhoramento das vias do bairro e orientação técnica para melhor aproveitamento da terra. “Para a gente, jogar um cascalho, melhorar a iluminação já é muita coisa. É muito bom ver este projeto no bairro”, ressalta a moradora do lote 58B, Dirce Virgem da Silva, de 62 anos. Ela, como a maioria que vive na região, quer somente continuar melhorando o terreno onde plantam o próprio alimento e mantém criações como porcos e galinhas.
Dona de casa, mãe de nove filhos, Irani da Silva Oliveira Magalhães, mora há dois anos no lote 87. Ao saber, dos serviços que seriam oferecidos no bairro, foi até o local, fez o cadastro para doação de móveis e também para fazer uma escova no cabelo.