Os vereadores Tonhão, Vera Helena, Jorginho do Gás, Celso Yamaguti, Idevaldo Claudino e o presidente da Câmara Municipal, Fernando Milan, estiveram entre as autoridades presentes à solenidade de visita do presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, às fábricas do complexo de papel e celulose da International Paper e Fibria, na última sexta-feira (19).
O presidente chegou ao complexo de helicóptero, visitou as linhas de produção das duas fábricas - onde foi recepcionado por trabalhadores - e depois participou da solenidade realizada dentro da Fibria, com a presença de cerca de 600 convidados de todos os setores públicos e privados. A fábrica de celulose branqueada da Fibria teve operações iniciadas em março de 2009 e, segundo o presidente da República, na época, não houve como participar da inauguração, devido os compromissos inadiáveis com a crise financeira.
O primeiro a falar foi o diretor-presidente da Fibria, Carlos Augusto Lira Aguiar, o qual destacou que a fábrica foi a concretização de um sonho e sua construção foi realizada por trabalhadores que ele considerou verdadeiros artistas. Aguiar ainda lembrou que as florestas plantadas pela empresa na região representam o compromisso social e com o meio ambiente, que a fábrica é referência em segurança no trabalho, que elevou Três Lagoas ao posto de segundo município em exportações no Mato Grosso do Sul, com projeções de se tornar o primeiro e que ainda abriu portas para novos investimentos na região.
Sobre o investimento de R$ 3,8 bilhões, parte dele proveniente de empréstimos junto ao BNDES, ele afirmou: "foi um símbolo da crença na solidez da economia nacional, uma aposta no Brasil".
Em seu discurso, a prefeita Simone Tebet afirmou que o seu tom seria de gratidão, tanto aos empreendedores, quanto ao povo três-lagoense e ao presidente Lula. "Esta fábrica era um sonho de meu pai e das gerações passadas, um sonho que começou na década de 70, mas foi a sua sensibilidade e da sua equipe, fazendo uma série de investimentos, criando a MP do Bem e mecanismos de redução de impostos, que fez Três Lagoas e o Brasil serem competitivos mundialmente, e ganhar esta fábrica da China e da Rússia", lembrou Simone.
A prefeita ainda aproveitou a ocasião para lembrar ao presidente Lula que o município está dotado de logística, centros formadores de mão-de-obra, tem potencialidades energéticas e plenas condições de abrigar ainda projetos de grande envergadura, como uma siderúrgica e uma fábrica de fertilizantes hidrogenados da Petrobras, cuja implantação no município vem sendo discutida. "Somos um município pequeno em tamanho, comparado aos 190 milhões de brasileiros. Mas somos gigantes na capacidade de buscar investimentos", garantiu.
O presidente da International Paper para a América Latina, Jean-Michel Ribieras, ressaltou que este projeto é a concretização de um sonho de mais de 20 anos, iniciado com o plantio das primeiras florestas. "Hoje, é um orgulho ver o papel Chamex de Três Lagoas em todo o Brasil", disse. Ele ainda informou que, anualmente, são produzidas 300 toneladas de papel, sendo que 25 caminhões deixam a fábrica para distribuir o produto, diariamente.
Para o presidente do Conselho de Administração do Grupo Votorantim, Carlos Ermírio de Moraes, o sucesso na concretização do empreendimento se deveu a vários fatores, entre os quais o empenho da comunidade de Três Lagoas e dos municípios vizinhos em receber a fábrica e a parceiros como o BNDES. "No final de 2008, com o início da crise, os financiadores internacionais desapareceram e só concluímos as obras dentro do prazo porque o BNDES interveio com rapidez, concedendo empréstimo. Esta empresa com menos de seis meses de vida já tem um valor de mercado superior ao que era a soma de VCP mais Aracruz antes da crise", comemorou.
O governador André Puccinelli, a exemplo da prefeita Simone Tebet, pediu ao presidente Lula que interferisse junto à Petrobras, de forma a garantir a fábrica de fertilizantes para "a margem direita do rio Paraná", revelando a intenção de que o empreendimento venha para o Estado, possivelmente para Três Lagoas, local considerado estratégico pela estatal brasileira. "Apesar das possíveis querelas políticas, sabemos que o presidente é um estadista", declarou.
Já o presidente Lula falou de diversos assuntos em seu pronunciamento: discursou sobre a importância da fábrica e das pessoas que, como o ex-governador Zeca do PT, o senador Ramez Tebet e o governador Puccinelli, se empenharam pela implantação; destacou atos positivos de seu governo, como o crescimento no nível de empregos, nos índices da educação e da qualidade de vida; e, contrariando as expectativas imediatas dos presentes, não confirmou a instalação da fábrica de fertilizantes no Estado.
Lula ainda destacou a importância do complexo para a região. "Representou uma franca mudança na região, com grande significado para o Mato Grosso do Sul e qualificação da população". Para ele, a fábrica foi uma grande oportunidade. "É moderna e competitiva e não deve nada a ninguém, do ponto de vista técnico nem da mão-de-obra", opinou.
Na visão dele, as fábricas proporcionaram a vinda de pessoas de todos os lugares do país para morarem na região. "Ninguém pensava numa fábrica desta no interior do Mato Grosso do Sul, ao longo deste rio extraordinário que é o Paraná. Logo, teremos aqui na fronteira do Estado com São Paulo, uma metrópole", avaliou o presidente da República.
Fertilizantes
Sobre a nova fábrica da Petrobras, Lula afirmou que não é da alçada dele interferir sobre a localização da fábrica, porém, Mato Grosso do Sul e o Centro-Oeste têm, na opinião dele, condições técnicas e logísticas para receber o empreendimento.
"Estrategicamente as condições são favoráveis, mas não posso assumir compromisso e bancar que a fábrica virá para cá", disse. "Eu acho que Mato Grosso do Sul tem características próprias, essa região aqui e todo o centro-oeste produz hoje a maior parte de grãos que nós consumimos e exportamos, portanto é uma região que vai consumir os fertilizantes aqui produzidos", concluiu.
Segundo o presidente da República, a Petrobras tem autonomia para tomar as decisões. "É uma empresa que tem ações nas bolsas de Nova York, que atende aos interesses empresariais e econômicos e não políticos. É uma decisão técnica e o presidente não dará palpites", garantiu.
Após a solenidade e a entrevista coletiva do presidente, a prefeita Simone Tebet mostrou-se otimista, apesar dele não ter confirmado a implantação da fábrica e dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo também estarem negociando o investimento. Segundo ela, a Petrobras já confirmou que o Estado de Mato Grosso do Sul é o que apresenta as condições técnicas mais adequadas. "Cerca de 80% dos fertilizantes será destinado para o Estado de São Paulo e qual estado tem a melhor logística para isso? Para mim, o presidente Lula só consagrou a vinda da fábrica de fertilizantes hidrogenados", afirmou.
Além das autoridades que fizeram uso da palavra, compuseram o dispositivo o presidente do Conselho de Administração da Fibria, José Luciano Penido; o presidente da International Paper para a América Latina, Jean-Michel Ribieras; o diretor presidente da Fibria, Carlos Augusto Lira Aguiar; o diretor geral do Grupo Votorantim, Raul Calfat; o membro do Conselho de Administração do Grupo Votorantim, Clóvis Ermírio de Moraes Scripilliti; o vice-presidente da Votorantim Industrial, Fábio Ermírio de Moraes; o presidente do Conselho de Administração do Grupo Votorantim, Carlos Ermírio de Moraes; a integrante do Conselho de Administração da Fibria, Patrícia Dias Fernandes; o prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB); o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho; os deputados federais: Antônio Carlos Biffi (PT); Dagoberto Nogueira (PDT); Geraldo Resende (PPS); Vander Loubet (PT); o senador Delcídio do Amaral (PT); o ex governador de Mato Grosso do Sul, José Orcirio Miranda; o chefe da Secretaria de Comunicação Social, ministro Franklin Martins, e o operador de produção de celulose, José Carvalho Gomes Viana, representando os demais trabalhadores.
Fibria e IP
A Fibria foi criada da união das operações da Aracruz Celulose e VCP. A unidade de Três Lagos visitada pelo presidente produz 1,3 milhões de tonelada de celulose branqueada por ano. Diariamente, são transportadas, via ferroviária, mais de 3 mil toneladas de celulose para o Porto de Santos. A empresa emprega cerca de três mil pessoas, a maioria residente do município, tanto na área de produção quanto na área florestal.
Com início das operações, em fevereiro de 2009, a nova fábrica de papel da International Paper, em Três Lagoas, foi construída com investimentos próprios da ordem de US$ 3 milhões e gera 220 empregos diretos, sendo dois terços dos profissionais contratados na região. A unidade tem capacidade de produção de 200 mil toneladas de papel por ano.
Ana Maria Barbosa